A diferença entre empresa familiar e não-familiar não está apenas na força da emoção, mas também na ocupação diária das pessoas. Elas saem de casa para a empresa, da empresa vão para casa. São dois ambientes que absorvem praticamente todo o tempo das pessoas. Quando não estão nestes dois ambientes, volta e meia surgem assuntos ou fatos a eles ligados.
Numa empresa não-familiar, os dois ambientes existem separados, há interligação só nos bastidores. Na empresa familiar, ligação é direta, constante, existe mistura quase total das vidas nos mesmos lugares. Humanamente impossível a separação íntima de cada parente, ou seja, no trabalho não se toca em assunto doméstico e vice-versa. Teriam que ser máquinas com 2 botões no coração:
Família . LIGA . DESLIGA / Empresa . LIGA . DESLIGA.
Na empresa não-familiar há soma, na familiar há multiplicação de encontros, sentimentos, pensamentos e metas. Nela, entra o segundo e fortíssimo aspecto: esta multiplicada mistura é temperada por ingredientes que geram ações e reações no ser humano: afeto-dinheiro-poder-vaidade-profissão.
Nas cidades do interior e em certos setores, cresce a mistura empresa-família. As relações são muito mais estreitas e intensas nas cidades fora das regiões metropolitanas. Famílias se encontram, convivem há anos e anos (casa, trabalho, igreja, clube, bar, comércio, política etc).
Nas empresas, parentes se falam num corpo-a-corpo diário entre eles, equipes e clientes, sem distâncias ou divisórias, e ainda, com problemáticos períodos de falta de movimento… As relações ficam abertas, um entra no espaço do outro mesmo sem querer.
As empresas familiares tem inúmeras vantagens em cima dos concorrentes, porém, só irão se crescer e ganhar consistência se houver planejamento de gestão dirigido para a profissionalização da família. Aí sim, os pontos positivos ganham corpo, disparam em cima dos concorrentes, tanto que, dos 300 grandes grupos brasileiros, 265 são familiares.
Independente do porte, setor ou região, sucesso da EF começa quando os parentes (titulares em especial) afirmam:
Enquanto não houver esta decisão, será perder tempo, dinheiro, aumentar conflitos e… ouvir aplausos dos adversários. A contratação de consultor, praticada por quase todas as empresas familiares vitoriosas, será desperdício total.
Por outro lado, se ocorrer a decisão de dar um rumo, titulares ganharão qualidade de vida e sucessores garantia de futuro. Com tempo, critério, deve-se criar programa de entrosamento entre dirigentes e novas gerações. Não é simples, daí, a presença do consultor para ajuste da gestão e relações.
Interessante paralelo para ilustrar o grave efeito da empresa familiar sem rumo: costuma-se falar que empresários fazem tanto esforço para ganhar dinheiro que se esquecem da saúde. No futuro, doenças atrapalharão a boa condição financeira para gozar a vida e vão gastar o dinheiro acumulado para pagar tratamentos de saúde… Na empresa familiar, quando não se toma uma decisão a tempo, o dinheiro é mal gasto (carros, imóveis, viagens, festas etc), lá na frente a família terá que se desfazer de bens para pagar dívidas da empresa e viverá a frustração do fim de uma bela história…
Consciência, novas decisões, e estas têm a ver com saúde, bolso e coração de cada um. Faça hoje um mergulho na gestão familiar e garanta a continuidade da obra para próximas gerações.
José Renato de Miranda
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