O Papel Indispensável de Conselhos, Dirigentes e RH na Transição - Alfredo Bottone

O Papel Indispensável de Conselhos, Dirigentes e RH na Transição

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O Papel Indispensável de Conselhos, Dirigentes e RH na Transição

2030 é Agora

2030 é Agora

O Fórum Econômico Mundial de 2025 não deixou margem para dúvidas: a jornada até 2030 será a mais decisiva para os negócios neste século. No entanto, transformar essa visão global em realidade operacional exige mais do que um conselho visionário; exige uma liderança totalmente integrada.

A missão é tripartite: se o Conselho define o “porquê” e o “para onde”, os Dirigentes (alta e média gestão) constroem o “como” e o “quanto”, e o RH habilita o “quem” e o “de que forma”. A falha em qualquer uma dessas frentes condena a estratégia à irrelevância.

Vamos detalhar as cinco prioridades do WEF 2025 sob a ótica dessa tríade de liderança.

1. IA Ética: Da Governança à Implementação Responsável

·Para o Conselho: Sua função é de fiscalização e direção estratégica. Cabe ao Conselho aprovar um framework de governança de IA para assegurar que os riscos éticos (como vieses algorítmicos) sejam tratados como riscos corporativos críticos e exigir transparência total no uso da tecnologia.

Para os Dirigentes: Sua missão é traduzir a política em prática. Isso significa escolher parceiros de tecnologia com os mesmos valores, integrar a avaliação de impacto ético em todos os projetos de IA e garantir que os times de produto e operacionais sejam treinados para usar a IA de forma responsável.

Para o RH: São os agentes responsáveis pela capacitação e cultura. Devem liderar programas de upskilling para que os colaboradores compreendam e trabalhem com a IA, e revisar políticas de recrutamento para atrair talentos especializados em IA ética.

2. Sustentabilidade: Integrar o ESG no DNA do Negócio

Para o Conselho: A responsabilidade final é do Conselho. Os conselheiros devem incorporar a sustentabilidade no pacto social da empresa, vincular a remuneração variável da diretoria ao cumprimento de metas ESG robustas e supervisionar os riscos e oportunidades climáticas, logicamente com produtividade.

Para os Dirigentes: Cabe a eles a execução transversal. O CFO deve modelar investimentos verdes. O COO redesenha cadeias de suprimentos. O CMO comunica com autenticidade. A sustentabilidade deve ser uma meta de cada área, não apenas do “departamento/diretoria de ESG”.

Para o RH: Sua função é embutir a sustentabilidade na cultura e no ciclo de vida do talento. Desde a inclusão de competências ESG nas descrições de cargo até a criação de programas de reconhecimento por contribuições à economia circular, o RH torna a sustentabilidade um valor vivido, não apenas um slide apresentado.

3. Parcerias Sistêmicas: Competitividade Coletiva na Prática

Para o Conselho: Devem autorizar e incentivar a exploração de parcerias ousadas, mesmo que fora do setor, avaliando seu potencial de impacto de longo prazo em vez de apenas o retorno financeiro imediato.

Para os Dirigentes: São os embaixadores e negociadores. Cabe a eles identificar oportunidades de cocriação, gerenciar os relacionamentos complexos dessas parcerias e quebrar silos internos para que a organização colabore de forma eficaz com agentes externos.

Para o RH: Precisam desenvolver competências de colaboração e influência nos líderes. Programas de desenvolvimento que simulem desafios de ecossistemas e a promoção de uma mentalidade aberta e não proprietária são essenciais.

4. Requalificação Emergencial: A Maior Aposta no Capital Humano

Para o Conselho: Aprovar investimentos significativos e de longo prazo em reskilling não como custo, mas como o maior ativo estratégico para a inovação e a resiliência.

Para os Dirigentes: São os patrocinadores e usuários finais. Devem liberar seus talentos para capacitação, identificar as lacunas de habilidades críticas em suas áreas e defender ativamente a cultura de aprendizado contínuo.

Para o RH: Esta é a sua principal arena de atuação na próxima década. Devem mapear as habilidades futuras, criar jornadas personalizadas de aprendizado, implementar programas de reskilling em massa e repensar totalmente a forma de recrutar, reter e avaliar o desempenho.

5. Reconstrução de Confiança: A Moeda Mais Valiosa

Para o Conselho: Dar o exemplo na transparência e na ética. Isso inclui uma comunicação clara com o mercado e a sociedade e a supervisão ativa da cultura organizacional.

Para os Dirigentes: Liderar com autenticidade e empatia. Criar um ambiente de segurança psicológica, onde os colaboradores se sintam ouvidos e valorizados, é fundamental. A confiança se constrói no dia a dia, através de decisões coerentes e diálogo aberto.

Para o RH: São os arquitetos da experiência do colaborador. Devem garantir que políticas de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) sejam efetivas e mensuráveis, que os programas de bem-estar sejam robustos e que os canais de escuta e feedback sejam verdadeiramente eficazes.

Conclusão: A Liderança Integrada como Único Caminho

A jornada para 2030 é complexa demais para ser liderada por um único grupo. É uma sinfonia que exige que Conselhos, Dirigentes e RH toquem a mesma partitura, cada um com seu instrumento, mas harmonizados em um único propósito.

Reflexão final: Não basta o seu Conselho estar preparado. Os seus Dirigentes e a sua área de RH estão alinhados e empoderados para executar essa visão?

O momento de integrar essas forças é agora. O futuro não espera.