O uso de tecnologia de videoconferência não é novo. Em 2003, quando estava num processo seletivo através de uma empresa de headhunter, para o cargo de diretor executivo da Light, uma das entrevistas com o vice-presidente de RH da EDF (Électricitè de France) foi feita através desse recurso.
Não faria sentido que os candidatos finalistas ao cargo fossem todos para a França para uma entrevista com duração de uma a duas horas. Naquela época, esse recurso era muito caro, com poucas opções, diferentemente de hoje onde temos várias plataformas de fácil acesso e muitas sem custo.
O crescimento das entrevistas virtuais era notório, mas explodiu durante a pandemia do COVID-19. Tudo indica, por pesquisas realizadas por várias empresas, que essa prática já foi incorporada ao processo de contratação e não terá volta, fazendo com que o RH tenha se tornado muito mais estratégico que anteriormente.
Segundo o Indeed, que realizou, recentemente, uma pesquisa com 1.100 empregadores dos Estados Unidos, foi constatado que 82% dos entrevistados adotaram entrevistas virtuais para candidatos por causa da pandemia e quase todos – 93% – esperam continuar usando entrevistas virtuais no futuro.
Essa prática movimentou também o mercado de software de recrutamento. Lógico que as entrevistas presenciais não foram eliminadas, mas reduzidas substancialmente. Em algumas posições, essa modalidade continuará existindo, mas muitas vezes num sistema misto (parte virtual e parte presencial), como o modelo de trabalho híbrido.
É possível que haja muitos críticos em relação às entrevistas virtuais. Se formos nos aprofundar sobre esse método iremos sim encontrar algumas perdas, mas que tal primeiro verificar as vantagens que são inúmeras?
Sem termos qualquer pretensão de esgotar o rol dos benefícios de um sistema sobre outro, seguem alguns deles para ilustrarmos o que estamos sentindo:
Em determinadas posições, há necessidade de alguma dinâmica de grupo com os candidatos. Lógico que não fica fácil substituir nesse processo o presencial pelo virtual, mas as etapas anteriores poderão ser virtuais. Assim, o sistema híbrido será eficiente e não prejudicará o resultado esperado ao final do processo.
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Um dia a pandemia terminará, mas não há dúvidas que grande parte do processo de recrutamento e seleção permanecerá virtual, sendo uma tendência para o ano de 2022. Poderá haver um crescimento de algumas etapas presenciais, mas de forma muito mais reduzida do que antes do COVID.
Nas dificuldades, quando temos a capacidade de criação e inovação, aprendemos muito e não está sendo diferente ao vencer os desafios da pandemia em todas as áreas. No foco que estamos dando hoje, também muito aprendemos e consolidamos para sempre, pois as entrevistas virtuais vieram para ficar, mesmo que algumas (minoria) voltem a ser presenciais.
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Alfredo Bottone é consultor de RH Estratégico, Direito do Trabalho e Ética Empresarial, professor de Governança Corporativa em programa de MBA, Formado em Matemática, Direito e Phd em Business, pela Flórida Christian University (Estados Unidos).