A Governança Corporativa em Época de Turbulência - Alfredo Bottone

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A Governança Corporativa em Época de Turbulência

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A Governança Corporativa em Época de Turbulência

Como conselhos e lideranças podem agir diante da instabilidade geopolítica e tributária global

Em tempos de instabilidade geopolítica, mudanças abruptas nas taxações de importações e exportações, e volatilidade nas cadeias produtivas, a governança corporativa precisa ir além da conformidade. Ela deve ser radar, bússola e motor de ação estratégica.

Para aprofundar esse tema, a Newsletter RH Estratégico entrevistou Beatriz Nogueira — conselheira independente e especialista em riscos geopolíticos — que atua em conselhos de empresas brasileiras com operações internacionais. A seguir, os principais trechos dessa conversa provocadora e inspiradora.

Entrevista com Beatriz Nogueira

“A empresa que espera estabilidade para agir já está atrasada.”

RH Estratégico: Beatriz, como a governança corporativa deve se posicionar diante das instabilidades geopolíticas e tributárias que afetam importações e exportações?

Beatriz Nogueira: O primeiro passo é abandonar a ilusão da previsibilidade. O mundo mudou. Tarifas, acordos e políticas fiscais estão sendo usados como instrumentos de pressão política. A empresa que espera estabilidade para agir já está atrasada. O conselho e as principais lideranças precisam assumir um papel ativo, antecipando cenários e propondo alternativas — não apenas reagindo.

RH Estratégico: Quais são os erros mais comuns que você observa nas empresas?

Beatriz: Dois, principalmente. O primeiro é tratar riscos geopolíticos como eventos isolados, quando na verdade são sistêmicos. O segundo é delegar esse monitoramento apenas à área jurídica ou tributária. Isso precisa estar na pauta do conselho e da diretoria, com visão integrada e decisões estratégicas.

RH Estratégico: E como o RH pode contribuir nesse contexto?

Beatriz: O RH é fundamental. Ele ajuda a mapear competências críticas, preparar lideranças para decisões em ambientes de incerteza e garantir que a cultura organizacional esteja alinhada com valores de resiliência e transparência. Em tempos de turbulência, o capital humano é o ativo mais volátil — e mais valioso.

RH Estratégico: Há espaço para inovação nesse cenário?

Beatriz: Sempre. Empresas que criam comitês de inteligência geopolítica, que diversificam cadeias de suprimentos e que usam IA para simular cenários estão saindo na frente. Mas inovação sem ética é risco. A governança precisa garantir que cada decisão — por mais técnica que seja — esteja alinhada com os princípios da empresa e com o impacto social que ela gera.

RH Estratégico: Uma última mensagem para os conselheiros e líderes empresariais?

Beatriz: Não esperem calmaria para agir. A turbulência é o novo normal. E a governança que se fortalece nela é aquela que une coragem, escuta e estratégia.

Reflexão Final

A entrevista com Beatriz Nogueira nos lembra que a governança não é um escudo contra o caos — é uma bússola para navegar por ele. Em tempos de instabilidade, empresas que se posicionam com clareza e responsabilidade tornam-se âncoras de confiança. E isso começa com conselhos que pensam com coragem e agem com propósito.

Principais insights:

·        Conselhos precisam abandonar a ilusão da previsibilidade e assumir protagonismo estratégico.

·        Riscos geopolíticos são sistêmicos e devem estar na pauta do conselho, não apenas do jurídico.

·        O RH tem papel essencial na formação de lideranças resilientes e na proteção do capital humano.

·        A inovação é bem-vinda — mas precisa ser guiada por ética e impacto social.

“Não esperem calmaria para agir. A turbulência é o novo normal. E a governança que se fortalece nela é aquela que une coragem, escuta e estratégia.”

Se essa reflexão ressoar com você, compartilhe, comente ou leve para sua próxima reunião de conselho. Porque o futuro não espera — e a liderança começa agora.