Em condições normais, a sobrecarga de trabalho traz desgastes físicos e psicológicos pelo fato de a pessoa não respeitar as limitações impostas pela sua própria natureza. O funcionamento do organismo humano no eixo mente-corpo está baseado em processos que precisam do cumprimento das etapas com início-meio-fim, exatamente conforme o fluxo de qualquer outro organismo ou, até mesmo, de uma máquina.
Um órgão está direta ou indiretamente ligado ao outro, os processos são integrados. Na prática, no dia a dia, o eixo mente-corpo pode ser mais bem identificado a partir do que dizia o pai da Psicanálise, Sigmund Freud, em seus estudos sobre a condição humana:
– Desde a Pré-História, amor e trabalho movem o homem, todas as nossas atitudes e os fatos que nos rodeiam, tem origem nestes dois ambientes.
O amor é o afeto (emoção), a maior riqueza humana; o trabalho é a conquista pessoal e social que será vital para a sustentação desta maior riqueza. No dia a dia, tem-se o reflexo do que dizia Freud: a rotina dos humanos é, basicamente, casa-trabalho e vice-versa.
Se o homem sempre teve dificuldade para manter o funcionamento equilibrado do eixo mente-corpo, hoje ele encontra barreiras muito mais complexas por causa da pressão da Era Digital, que criou uma sociedade extremamente competitiva com velocidade de respostas que exigem atalhos, que impedem o fluxo início-meio-fim, ou seja: não mastigamos, engolimos; não permitimos a química do sexo, ficamos; não abraçamos os filhos, damos presentes; e assim, sucessivamente, cada atalho gera sinais que irão abalar a vida pessoal.
Neste pique da aceleradíssima competição, surgem desgastantes efeitos: os filhos reclamam ausência dos pais e apresentam distúrbios no colégio; as férias não mais acontecem ou ficam ligadas em celulares e tabletes; começa-se a ter ao lado da cama remedinhos para sono, dor de cabeça e estômago; o fim de semana tem início com a cabeça na 2ª f.; o exercício físico fica para depois… depois…; não se dá mais atenção aos amigos do peito.
A rearrumação da vida pessoal pode começar por um tranco na correria a partir do resgate do diálogo: di de dividir, logo de conhecimento. Dividir ideias, tendências, situações, planos. Recolocar o cotidiano no início-meio-fim com o melhor entendimento junto a pessoas; especialmente, dialogar sobre influências dos fatos no amor (afeto e emoção) e no trabalho (realização pessoal e social).
Este resgate do diálogo deve ser iniciado por um mergulho dentro de si, não apenas uma “reflexão” ou “rever prioridades”. O mergulho deve ser profundo, ousado, corajoso: “O que me move?”.
No mergulho no seu reino abissal, ver e entender o que você quer como combustível para o seu amor e o seu trabalho. Faça o mergulho com a vontade de viver a essência dos próprios desejos e realizações e, então, sem dúvida, o filho sentirá a energia do abraço, haverá a felicidade das férias em família, a profissão terá alta queda de retrabalhos e frustrações, os remedinhos continuarão nas… farmácias.
José Renato de Miranda
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