A presença física do empregado, isoladamente, não garante absolutamente nada em termos de produtividade e comprometimento. O que realmente precisamos é da presença dele de corpo e alma, mais alma do que corpo.
O absenteísmo psicológico generalizado pode ser sintoma de uma doença degenerativa da administração das empresas. É como um câncer silencioso que se propaga com rapidez pelo corpo, e se não for detectado a tempo pode ser fatal.
Essa doença tem inúmeras manifestações, tais como: navegar na internet para assuntos alheios ao trabalho; descaso com prazos e qualidade; longas conversas sobre assuntos estranhos aos interesses da empresa; leituras “privadas”; falta de colaboração em algo que o empregado poderia fazer, etc. Você, com certeza, seria capaz de enumerar dezenas de outros exemplos que traduzem essa alienação para com os interesses da empresa.
Mas de quem é a culpa desse absenteísmo (aparentemente invisível)? Do empregado ou do gestor?
O absenteísmo psicológico só é invisível quando o próprio gestor está alienado dos movimentos de sua equipe, não interagindo o suficiente para perceber o que vai bem e o que não vai. Se o contato com o colaborador é formal e com baixa frequência – não tendo sequer clareza do que ele de fato está “fazendo” –, então fica difícil para o gestor ter a percepção do nível de absenteísmo psicológico em sua equipe.
O empregado que não tem desafios, não é chamado a participar de assuntos para os quais pode efetivamente contribuir, apenas recebe ordens e, pior, nem recebe orientação sobre o que e como fazer para cumpri-las, estará fortemente inclinado a adotar uma postura de alienação no ambiente de trabalho.
O gestor que não lidera o seu grupo com efetividade é o responsável direto por esse problema. As causas do absenteísmo psicológico devem ser avaliadas pelo líder, juntamente com o superior e o RH, para que se possa agir a tempo e estancar o problema.
Se o colaborador é aquele que “não quer nada com nada”, o gestor deve atuar diretamente, sendo assertivo numa conversa com ele e definindo claramente a mudança esperada, no curtíssimo prazo, para que o alienado possa continuar fazendo parte do quadro da empresa.
O que não pode é o gestor sempre atribuir as causas do absenteísmo psicológico apenas ao próprio funcionário, ou a outros fatores alheios à sua gestão, sem investigar as causas ou avaliar a produtividade do empregado dentro das metas a ele estabelecidas.
O absenteísmo psicológico pode ser denotado quando há a presença física do colaborador no trabalho e, combinado com sua ausência psicológica, o beneficia com o gozo do seu salário, enquanto traz para o gestor, e em consequência para a empresa, o prejuízo do desperdício de recursos.
Cada gestor deve se fazer algumas indagações, como:
O absenteísmo psicológico é mais sério e grave do que o absenteísmo físico, pois este, do ponto de vista formal, é de fácil controle mesmo quando (equivocadamente) não se atua em suas causas. Apesar de provocar muitas perdas em todos os sentidos – resultados, inovação, talentos, ética, clima organizacional, etc. – o absenteísmo psicológico costuma ser negligenciado. Sem dúvida, a maior causa do problema está no líder, pelo seu “absenteísmo” na gestão das pessoas/equipe, seja por falta de competência nessa área, ou porque não prioriza a questão em sua agenda. É uma doença que tem cura, mas dificilmente no curto prazo, exigindo ações rápidas antes que se torne crônica.