No final de janeiro de 2015, estive na Conferência de Sustentabilidade em Copenhagen (Dinamarca), tendo proferido uma das palestras, à qual dei o título de Corporate Social Responsibility: An obligation that can be transformed into a great asset for the Company.  

Muito pude aprender nesse evento, ouvindo palestrantes de várias partes do planeta, mas foi possível perceber o elevado grau de consciência dos países escandinavos e de alguns outros continentes. 

Também foi possível sentir que a sensibilidade para essa questão vinha aumentando consideravelmente para que mais ações fossem implementadas em prol de um mundo melhor. Essa participação me estimulou a continuar emergindo cada vez mais com o tema. 

Em setembro daquele mesmo ano, a Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada em Nova York, com a participação de 193 estados membros, estabeleceu 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), criando a chamada AGENDA ONU 2030. 

Antes, em 2004, o ex secretário-geral da ONU, Kofi Annan, já havia feito um desafio a 50 presidentes das maiores instituições financeiras do mundo, pedindo solução para integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais até 2030.   

Num mundo cada vez mais interconectado, as empresas desempenham um papel crucial na formação da sociedade em que estão inseridas. Além de buscar o sucesso financeiro, as organizações modernas têm a responsabilidade de contribuir para um ambiente mais sustentável, equitativo e ético. 

Nesse contexto, o ESG (Environmental, Social, Governance) surge como uma abordagem estratégica que vai além do lucro imediato, promovendo uma visão holística e sustentável. 

Este artigo explora como funciona o ESG nas empresas e como elas estão comprometidas verdadeiramente com essa abordagem, podendo se tornar agentes de transformação social, influenciando positivamente todos os elementos da sociedade em que operam.

Continue a leitura abaixo para saber mais!

ESG nas empresas: significado e como tratar cada uma das três dimensões 

1.Environmental (Ambiental): Cuidando do Nosso Lar Comum

A dimensão ambiental do ESG nas empresas destaca a importância de práticas sustentáveis e responsáveis. 

Por isso, as empresas que estão comprometidas com o meio ambiente adotam políticas que reduzem sua pegada de carbono, promovem o uso eficiente dos recursos naturais e buscam soluções inovadoras para desafios ambientais. 

Ao adotar práticas eco-friendly, essas empresas não apenas minimizam seu impacto negativo, mas também educam cidadãos a interagirem na sua dimensão familiar e comunitária com a mesma consciência e sensibilidade e servem como inspiração para outras entidades e indivíduos.

Quando uma empresa prioriza a sustentabilidade, ela influencia diretamente seus empregados, fornecedores, prestadores de serviços, clientes e a comunidade onde atuam. 

Colaboradores engajados em práticas ambientais no local de trabalho tendem a levar esses comportamentos para suas vidas pessoais, criando uma rede de cidadãos conscientes do meio ambiente. Fornecedores, ao se associarem a empresas sustentáveis, são incentivados a adotar padrões similares, ampliando o alcance dessas práticas positivas.

2.Social: Construindo Comunidades Fortes

A dimensão social do ESG nas empresas destaca o compromisso com o bem-estar das comunidades e o respeito aos direitos humanos. 

Assim, empresas que integram essa perspectiva em suas operações não apenas cumprem obrigações éticas, mas também fortalecem a cidadania. 

Ao investir em programas sociais, educação e igualdade de oportunidades, as empresas podem impactar positivamente não apenas seus empregados, mas também suas famílias e comunidades locais.

Uma empresa socialmente responsável age como um catalisador para a mudança social. 

Ela deve desempenhar um papel educacional exemplar, promovendo direitos humanos, trabalho justo, diversidade e inclusão, moldando não apenas o ambiente interno, mas também influenciando todos os stakeholders. 

Seus empregados, ao verem a empresa se envolvendo ativamente em iniciativas sociais, sentem-se motivados a contribuir de maneira semelhante. Esse efeito cascata se estende aos familiares, fornecedores e distribuidores, criando uma teia de influência social que transcende os limites da empresa, até mesmo perante os consumidores e concorrentes.

3.Governance (Governança): A Base Ética para o Sucesso

A dimensão de governança do ESG destaca a importância de práticas empresariais éticas, transparência e responsabilidade corporativa. 

Empresas que adotam uma governança sólida não apenas mitigam riscos, mas também estabelecem um padrão ético para todos os envolvidos em sua cadeia de valor e tendem a garantir maior longevidade.

Uma empresa ética estabelece valores que permeiam todas as suas interações, desde seus empregados até os produtores nas pontas mais distantes de sua cadeia de suprimentos. 

Ao estabelecer padrões elevados de governança, a empresa influencia seus parceiros a adotarem práticas semelhantes, criando uma atmosfera de confiança e integridade.

O papel imperativo e soberano do Conselho de Administração

O Conselho de Administração é de extrema importância exigir a inserção desse tema no planejamento estratégico da companhia. 

Logo, esses conselheiros são os guardiões do compromisso do ESG nas empresas perante os demais stakeholders. 

Exigir métricas mensuráveis, prestar contas à sociedade e garantir que os valores do ESG estejam integrados em todos os níveis da organização são responsabilidades cruciais. 

As empresas que têm Conselho Consultivo, seus membros devem, de igual forma, desempenhar um papel ativo na disseminação desse compromisso, agregando valor à marca e ao negócio.

O envolvimento estratégico da Área de Recursos Humanos

O RH assume um papel estratégico ao desenvolver lideranças e colaboradores nas questões relacionadas ao ESG. 

O treinamento e a conscientização são essenciais para garantir que os valores do ESG nas empresas sejam internalizados em todos os aspectos da cultura organizacional.

Em suma, as empresas que abraçam genuinamente o compromisso com o ESG podem se tornar “influencers” do bem em suas sociedades. Ao agir de maneira sustentável, socialmente responsável e ética em suas operações, essas empresas geram um impacto positivo que se estende muito além de seus resultados financeiros. 

Elas moldam cidadãos conscientes, inspiram práticas sustentáveis em toda a cadeia de valor e estabelecem um padrão ético que contribui para a construção de uma sociedade melhor. 

Em última análise, a empresa de hoje deve ser mais do que uma entidade econômica; ela deve ser uma força positiva de transformação social, guiando seus colaboradores e parceiros em direção a um futuro mais justo e sustentável. 

A adesão total ao ESG é uma decisão estratégica, que agrega significativo valor ao negócio e cria condições de maior longevidade da organização.  

Para saber mais informações sobre esse ou outros temas relacionados ao RH, entre em contato conosco!

Alfredo Bottone é Matemático, Advogado, Professor em MBA de Governança Corporativa e do Curso de Formação de Conselheiros Consultivos, Consultor de RH Estratégico, Ética Empresarial, Relações Trabalhistas e em Desenvolvimento de Lideranças e de Profissionais de RH. É Ph.D., Philosophy in Business Administration (USA). É autor de livros, entre eles  “Insights de um RH Estratégico” e “Os desafios legais e de gestão do teletrabalho, home office e regime híbrido”, além de vários artigos.  É membro da Board Academy no Brasil e associado do SHRM (Society for Human Resources Management) nos Estados Unidos.