Diversidade nas empresas e sustentabilidade social

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Diversidade nas empresas e sustentabilidade social

Animação com crianças de diversas culturas de mãos dadas ao redor do mundo

Martin Luther King, Jr.  em seu discurso de 1963, no Lincoln Memorial, em Washington D. C., na sua incansável luta pelos direitos dos negros ao voto, contra a segregação, a favor dos direitos trabalhistas e direitos civis básicos, manifestou-se: “Tenho um sonho que meus quatro filhos pequenos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter.”

Com esse seu discurso, já indicava a necessidade de uma sociedade que contemplasse diversidade, inclusão e tolerância com as diferenças.

O papel das empresas na diversidade e sustentabilidade social

A empresa hoje tem um papel crucial no estímulo de práticas comportamentais que estimulem a inclusão, busquem a diversidade nas empresas através da composição de seus quadros e valorizem individualidades e diferenças.

Essas práticas fazem com que as pessoas se sintam valorizadas e plenas para o exercício de suas funções, numa organização onde elas percebam que são parte importante do propósito da empresa e por isso se comprometem com os valores, visão e missão da empresa.

A abertura à diversidade nas empresas permite o acesso a muitos talentos, por vezes escondidos e não devidamente identificados e aproveitados. Com a prática da inclusão a mistura desses talentos estimulam a motivação, criatividade, produtividade e alcance de melhores resultados.

A moral da empresa e sua reputação, com isso, tem um ganho intangível que se comunica diretamente na valoração mercadológica da companhia, estimulando a cultura de alto desempenho na mesma.

Como promover a diversidade nas empresas?

Diversidade e inclusão nas empresas pressupõem um esforço contínuo de práticas que abracem diferentes grupos ou indivíduos com diferentes origens culturais e sociais. É preciso estar atento e contemplar essas diferenças que, certamente, quando bem gerenciadas e interconectadas enriquecem o grupo, ampliam a experiência e os resultados alcançados pelo todo.

Trata-se de valorizar não somente as diferenças de raça, etnia, nacionalidade, idade, crença, gênero, estado civil e status socioeconômico, mas também diferenças de experiências acadêmicas, treinamento, setor de atuação predominante e mesmo traços mais peculiares de personalidade como a inclusão no grupo de indivíduos mais introvertidos e mais extrovertidos.

Apenas para ilustrar, em trabalho publicado pela Global Diversity Practice, sob o título de  “What is Diversity & Inclusion?”, foi constatado que:

  1. As empresas com um equilíbrio saudável de homens e mulheres têm 21% mais chances de superar seus concorrentes.
  2. Empresas com uma boa mistura de origens étnicas têm 33% mais chances de superar seus concorrentes.
  3. Equipes de gênero, idade e etnicamente diversas tomam melhores decisões até 87% das vezes.

Como se vê, não se trata de entender diversidade nas empresas como se pensava no passado recente, afinal diversidade não está relacionada apenas a aspectos da cor da pele, mas vai muito além disso. A discricionariedade na escolha de pessoal na empresa que não seja empregada por fatores objetivos, visando atingir holisticamente a missão da empresa, é e será sempre uma prática imoral e discriminatória que a sociedade de hoje não mais suporta.

A empresa no mundo atual precisa da diversidade, pois através dela irá formar um grupo com mentes e habilidades que se complementam, se estimulam e se desafiam e, com isso, alcançam resultados mais saudáveis dando sustentabilidade ao papel da empresa na sociedade de hoje.

O início da luta pela diversidade e inclusão

Nos Estados Unidos foi preciso uma grande mobilização em torno dessa causa, liderada pelo Reverendo Martin Luther King Jr., que após sucessivas lutas, prisões injustas, proclamou um discurso para 250.000 pessoas, sendo parte de brancos que apoiavam uma mudança na legislação americana, para mudar os direitos civis incluindo a todos, sem exceção, na mesma página.

Martin conclamou para que os direitos econômicos e civis fossem para todos e que houvesse o fim do racismo nos Estados Unidos. Esse discurso, nomeado de “Eu tenho um sonho” provocou uma grande reflexão do Presidente dos Estados Unidos na época (John F. Kennedy) a conclamar o Senado Americano a revisitar a abordagem dos direitos civis para que a discriminação e segregação dos negros fossem, definitivamente, abolidas no país.

Essa conclamação popular por Martin Luther King e toda sua luta contou com um personagem crucial que sempre o acompanhou e suportou a causa, e além de tudo foi um Ghost Writer, que escreveu grande parte do icônico discurso de 1963 proclamado por King. Trata-se do advogado e parceiro Clarence Benjamin Jones, filho de um motorista e de uma doméstica da Pensilvânia, que frequentou um colégio interno de freiras e estudou na Columbia University (NY), Boston University of Law (MA), hoje advogado praticante e Scholar in Residence at the Martin Luther King, Jr. Institute, Stanford University (CA).

De 1960 a 1968 ele acompanhou e suportou passo a passo a luta de Martin Luther King, sendo um dos influenciadores e escritores dos discursos de King.

Ao falar hoje sobre diversidade e inclusão é impossível não revisitar a gênese desta luta nos EUA e, portanto, mencionar a importância de nomes como Martin Luther King e Clarence Benjamin Jones, este último que tive o grande privilégio, no último dia 22 de outubro, de conhecer pessoalmente.

A operação orquestrada por mentes como King e Clarence B. Jones, na qual duas mentes brilhantes, dentre outros, contribuem igualmente com suas diferenças e características diversas nos dão uma bela ilustração do que defendo neste artigo relativamente à necessidade de inclusão e diversidade nas empresas, lato sensu.

Sem a liderança de King e o tecnicismo e habilidade de escrita de Clarence B. Jones, entre outros, a causa não teria repercutido da forma como repercutiu e o sucesso talvez não tivesse sido alcançado.

Na esquerda, o encontro de Alfredo Bottone com Clarence B. Jones. E a direita, o senhor Jones junto a Martin Luther King.

O fato é que a diversidade tem muitas vertentes a serem exploradas, trabalhadas e assimiladas na cultura da empresa e são exemplos bem-sucedidos como o acima citado que nos fazem acreditar na importância de fortalecer o grupo com diferentes, tendo como norte a inclusão.

Importante, neste contexto atual, mencionar ainda a agenda 2030 da ONU que contém alguns pilares relevantes para que a diversidade ocorra de maneira ampla, buscando, dentre outros, sustentabilidade, paz e prosperidade. Esta agenda dá um claro sinal de que será impossível cumprir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) sem o envolvimento das diversas culturas em um diálogo que garanta os benefícios do progresso a todos os membros da sociedade.

As empresas têm muito o que fazer e têm a responsabilidade em influenciar positivamente a sociedade, para que a diversidade seja uma semente que dê grandes frutos em prol de uma sociedade mais justa, mais inclusiva e mais feliz.

Que cada vez mais a busca da diversidade nas empresas seja tão importante quanto a qualidade do produto e o lucro alcançado. O trabalho dignifica o homem e a dignidade da pessoa humana deve alcançar a todos, sem exceção!

Alfredo Bottone é consultor de RH Estratégico, Direito do Trabalho e Ética Empresarial. Formado em Matemática, Direito e Phd em Business, pela Flórida Christian University (Estados Unidos). Desenvolvemos um programa customizado de diversidade para a sua empresa.

Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato! Será um prazer atendê-lo!