Os princípios de ESG e a relação com as práticas de trabalho

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Os princípios de ESG e a relação com as práticas de trabalho

Alfredo Bottone – abril de 2022

Cada vez mais os investidores de todo o mundo buscam investir em empresas com práticas mais justas e cidadãs, que introduzam nos critérios de aferição de suas atividades vis-à-vis os respectivos impactos ambientais (Environmental), sociais (Social) e sua governança (Governance).  

As empresas que levam em conta os princípios ESG,  os incorporando como valores imprescindíveis sob os quais as atividades das empresas devem ser conduzidas vem sendo consideradas, pelos analistas de mercado e investidores, como empresas com um menor grau de risco. A metodologia de aferição já vem sendo praticada mundialmente.

A abordagem metodológica visa a avaliar o grau em que uma determinada empresa planeja e executa sua atividade-fim levando em consideração:

1. O Meio Ambiente (Environment), em especial as medidas tomadas pela empresa a fim de minimizar/mitigar sua pegada ambiental.

2. A dimensão Social (Social) como a empresa gerencia suas relações com seus colaboradores, fornecedores, clientes e as comunidades onde atua. Ainda, como a empresa valoriza diversidade, equidade e inclusão social.

3. A Governança (Governance) o grau de observância da empresa aos controles internos, auditorias, direitos dos acionistas, como a liderança da empresa administra a remuneração de executivos e colaboradores e quais são os padrões éticos que norteiam sua atuação.

A incorporação das melhores práticas, nessas três dimensões, pela empresa é a demonstração de que a empresa está comprometida com esse tripé, a diferencia perante seus concorrentes e incrementa resultados.

Siga a leitura deste artigo e saiba de que forma as empresas podem incluir os princípios de ESG em seus processos de trabalho.

Incluir os princípios de ESG no planejamento da empresa significa custo?

Absolutamente não. Metas relacionadas ao meio ambiente, práticas sociais e governança são investimentos, pois significam oportunidade de ganho não só financeiro, mas de imagem e sustentabilidade do negócio. Não aderir a esses compromissos hoje compromete a competitividade da empresa no mercado.

Sem a pretensão de esgotar o assunto, vale exemplificar algumas das práticas que as empresas vêm incluindo em seu planejamento em cada uma das categorias de aferição das atividades relativas a ESG:

Meio Ambiente (Environmental

Uso de energia renovável; gerenciamento de resíduos, incluindo a utilização dos princípios da economia circular; controle de emissão de gases tóxicos; uso racional da água, não utilização de produtos provenientes de áreas devastadas irregularmente, bem como outras práticas de biodiversidade e medidas que possam evitar o agravamento das mudanças climáticas. 

Essas metas devem alcançar também os fornecedores e parceiros para que toda a cadeia produtiva da empresa esteja comprometida com esse fator ambiental. Inclusive, é recomendável que no contrato de prestação de serviços ou de fornecimento de produtos essas exigências façam parte do instrumento de contratação.

Social (Social)

Busca de remuneração justa, comparativamente com o praticado por outras empresas; planos saudáveis de aposentadoria para os empregados; políticas que permitam a diversidade de colaboradores, diversidade de gênero, raça e sexo, bem como inclusão social; oportunidades de desenvolvimento e crescimento profissional; plano de benefícios relacionados à qualidade de vida do empregado e família, logicamente, tudo isso dentro da capacidade da empresa e realidade do mercado. 

Em relação aos clientes, respeito às leis de proteção ao consumidor, fornecimento, com clareza, as orientações sobre o uso de seus produtos, viabilizar acesso a um canal para críticas e sugestões; apoio à comunidade onde atua com a implementação de projetos de responsabilidade social; ainda, apoio em situações de crise ou catástrofes envolvendo-se na ajuda da solução dos problemas; apoio a entidades que prestam assistência. 

Governança (Governance)

A essência deste fator está relacionada às questões éticas, aos valores praticados na gestão empresarial, a compliance às regras, regulamentos e legislação que ampara a atividade da empresa. Respeito aos investidores desde a adoção de transparência financeira e contábil compatíveis com a legislação até a disponibilização, aos órgãos de controle e ao público em geral, de dados completos e fidedignos. 

Além disso, busca de isenção e imparcialidade, vigilância para que diretoria e membros do conselho não tenham conflito de interesses para com a empresa a composição se dê de forma exemplar, levando-se em conta o rodízio e a composição de acordo com as melhores regras e práticas de mercado, levando-se em conta o conceito da diversidade e inclusão dentre outros. Ainda atenção às questões afetas à remuneração de executivos, uma vez que as melhores práticas de governança corporativa não toleram a remuneração executiva e fora dos parâmetros e práticas de mercado correntes.  

Hoje é crescente o número de empresas que estão adotando programas de remuneração executiva com bônus de curto prazo, levando em conta o alcance das metas e objetivos ligados às três dimensões ESG. 

Acredita-se que cada vez mais as empresas perceberão que as metas relacionadas aos princípios ESG têm forte influência no retorno do desempenho financeiro e de investimento das empresas e, por isso, cada vez mais as companhias adotarão os programas de incentivo de curto e longo prazo com metas relacionadas a esses três componentes (ESG). 

Assim, espera-se que no Brasil esse movimento também seja crescente e que a boa prática de se colocar métricas para todos os níveis de gestores relacionadas às questões ambientais, sociais e de governança, dentro do contexto aqui abordado, será crescente. 

Os bônus e incentivos de longo prazo vinculados a essas metas motivarão os executivos a incorporarem esses elementos no seu cotidiano e a sociedade perceberá que as empresas terão uma maior participação na melhoria na vida dos cidadãos para um mundo mais “limpo”, “justo” e “ético”. 

Os princípios de ESG e a importância do RH

Como já mencionado, percebe-se uma conexão entre o bom resultado financeiro alcançado pelas empresas e suas iniciativas ESG, que consequentemente apresentam aos investidores melhores perspectivas para seus investimentos e maiores retornos. 

De acordo com a Harvard Business Review, “…90% dos 200 estudos analisados ​​concluem que bons padrões ESG reduzem o custo de capital; 88% mostram que boas práticas ESG resultam em melhor desempenho operacional; e 80% mostram que o desempenho do preço das ações é positivamente correlacionado com boas práticas de sustentabilidade.”

A busca de melhor performance da empresa, dentro dos padrões de ESG leva ao melhor gerenciamento de recursos de forma a maximizar o valor para todas as partes interessadas. A seguir analisamos no âmbito do RH (Recursos Humanos) como este pode auxiliar a empresa implementando no âmbito de sua atuação iniciativas que contribuam para os fatores envolvidos no ESG.

Na condução desta iniciativa o RH algumas indagações auxiliarão o RH na implementação de atividades, vejamos:

Por que é tão importante identificar, definir e defender as dimensões de ESG no seu atual ambiente de negócios? Como vimos, a busca das empresas hoje foca em investimento qualificado, investidores anseiam pelo retorno e seu investimento em empresas que valorizam os valores éticos, e ao mesmo tempo demonstrem preocupação com os impactos ambientais do negócio bem como as contribuições positivas para a comunidade onde atuam e para a sociedade. 

A compliance com a legislação e regulamentos afetos à atividade da empresa é de igual forma de suma importância. O investidor de hoje é aquele que acredita que os princípios ESG têm um papel fundamental no resultado financeiro a ser alcançado pela empresa.

Nos Estados Unidos a Securities and Exchange Commission (SEC), a CVM americana, tem apontado uma pressão crescente das comunidades financeiras e governamentais no exame da divulgação dos dados de sustentabilidade das empresas. 

Percebe-se nos EUA uma busca crescente pela transparência relativa ao grau de risco a que estão expostas as empresas relativamente aos assuntos afetos aos impactos da mudança de clima em todo o mundo e a pegada ambiental das empresas. 

Sob o ponto de vista do capital, percebe-se que a capacidade da empresa de demonstrar atenção aos padrões de sustentabilidade sob os quais opera, incluindo não só as questões relativas a meio ambiente, como também as questões sociais, busca de igualdade de oportunidades, diversidade e outros, está se tornando uma ferramenta cada vez mais valiosa para atrair e reter os melhores talentos. 

E é daí que vale avaliar como o RH pode auxiliar a empresa nesta empreitada de implementação, motivação e manutenção do clima organizacional de maneira que os colaboradores permaneçam atentos e imbuídos neste espírito de forma a contribuir para o alcance dos princípios ESG propostos pela empresa.

Para isso, a primeira ação é identificar resultados claros e mensuráveis ​​que a empresa planeja alcançar. 

Vale investigar como na busca de atendimento do objeto social da empresa pode-se estabelecer metas mensuráveis, qualitativa e quantitativamente, que conduzam à satisfação dos objetivos e ao mesmo tempo contemplem as três dimensões de ESG. 

Os resultados devem considerar todos os interesses dos investidores, acionistas, pares, proprietários e parceiros, e ainda os stakeholders

A partir daí deve-se investigar, dentro das metas preliminarmente propostas, quais os obstáculos atuais que a empresa enfrentará ao contemplar no cumprimento dessas metas, os desafios do ESG no cumprimento de suas metas adequando suas metas a fim de sempre levar em conta os aspectos afetos aos pilares do ESG.

Para cada meta, deve-se buscar o detalhamento a seguir:

  • Quem são as partes interessadas? Quais são os objetivos e/ou modelos de negócios? 
  • Qual o resultado que se pretende alcançar?
  • É necessário/desejável realizar um benchmarking a fim de buscar resultados factíveis já comprovados por outros?
  • Você tem capital humano especializado na empresa para implementação de ações que incluem as três vertentes de ESG (meio-ambiente, social e governança) ou terá que contratar um consultor?
  • Qual o cronograma? 
  • Quais são as metas financeiras e seus contornos contemplando ESG?
  • Quais são seus maiores desafios considerando a posição atual das respectivas áreas da empresa?
  • Como a sustentabilidade criará valor em cada área da empresa para o sucesso da organização?
  • Qual a disponibilidade de sua equipe para rastrear, documentar e manter suas iniciativas ESG e projetos de divulgação?
  • Quais são os drivers para o retorno do investimento? Estão sendo considerados: Lucro, mas também Planeta e Pessoas e não apenas Lucro.

Além disso, crie um orçamento para o projeto ESG:

  • Quanto você está disposto a gastar? Você pode/quer obter financiamento?
  • Qual a sua tolerância da empresa para o retorno do investimento desse projeto? 
  • Qual a fórmula para aferir se a implementação de melhorias gerará economias futuras?
  • Auditorias de energia para determinar quais melhorias potenciais estão disponíveis e qual o retorno que elas poderão oferecer?
  • Será necessário complementar o orçamento com fontes alternativas de financiamento?

Construindo uma equipe focada em atender e enxergar transversalmente na empresa as dimensões de ESG, o que devemos indagar:

  • Será necessário complementar o orçamento com fontes alternativas de financiamento?
  • Como um novo plano de relatório de sustentabilidade se aplicará ao seu portfólio geral?
  • Como um novo plano de relatório de sustentabilidade se aplicará ao seu portfólio geral?
  • Como você monitorará o progresso e atingirá as metas?
  • Quais são seus padrões de benchmarking preferidos e como você os atenderá?
  • Como você garantirá a conformidade com as mudanças regulatórias? Que relatórios para agências governamentais são necessários?

Construindo uma equipe focada na gestão do alcance dos objetivos do projeto ESG é possível:

  • Garantir a adesão das partes interessadas;
  • Buscar certificações afetas a seu negócio que possam auxiliar na performance de ESG; 
  • Montar uma equipe multidisciplinar que apresente diversidade, com representantes dos diversos níveis hierárquicos da empresa: pelo menos um representante executivo; representantes das partes interessadas; membros da equipe interna focados em sustentabilidade.

Este é um caminho sem volta, uma vez que as empresas  já têm equipes e políticas alinhadas com o cumprimento dos objetivos lançados pelas três dimensões de ESG estão em posição de vanguarda e, portanto, tem maior potencial de atração de investimento e consequente melhor condição de alcançar melhores resultados. 

Se você estiver procurando uma consultoria de RH, nós podemos te ajudar! Alfredo Bottone é consultor de RH Estratégico, Direito do Trabalho e Ética Empresarial. Formado em Matemática, Direito e Phd em Business, pela Flórida Christian University (Estados Unidos). 

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